Em sessão marcada por tensão, proposta de 6,8% avança, enquanto abstenção e ausência de parlamentares que são funcionários públicos geram acusações de traição à categoria.

Abstenção e ausência: deputados servidores viram as costas para colegas do Judiciário, veja na matéria

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A Assembleia Legislativa de Mato Grosso aprovou, em primeira votação nesta terça-feira, o reajuste de 6,8% para os aproximadamente 3,5 mil servidores do Poder Judiciário do estado. A vitória, no entanto, foi ofuscada por um gesto classificado como “lamentável” e “traição” por parte de dois deputados estaduais que, ironicamente, também são servidores públicos de carreira: Paulo Araújo (PSB) e Elizeu Nascimento (PL).

Enquanto os colegas de plenário votavam a favor do projeto, que representa um impacto financeiro de R$ 42 milhões apenas neste ano, a conduta dos dois parlamentares chamou a atenção. Paulo Araújo, que é funcionário da Secretaria de Estado de Saúde (SES), absteve-se da votação. Já Elizeu Nascimento, policial militar, ausentou-se do plenário no momento da decisão, virando as costas para os servidores do Judiciário que lutam há anos por valorização salarial.

O ato foi recebido com incredulidade e revolta entre os representantes da categoria. Para muitos, a abstenção e a ausência soaram como um acinte, um “verdadeiro absurdo” vindo justamente de quem conhece, na pele, as dificuldades e a luta por melhores condições no serviço público. A atitude dos dois contrasta com a expectativa de que, por compartilharem a mesma condição de servidores, seriam os primeiros a defender a pauta.

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O Projeto e a Pressão

O projeto de reajuste agora segue para uma segunda votação. A proposta é uma demanda antiga dos servidores judiciários, que argumentam com a perda do poder aquisitivo ao longo dos anos. Entretanto, a base governista tem trabalhado para desmobilizar o avanço da proposta, temendo o impacto de R$ 42 milhões nos cofres públicos em um ano eleitoral.

Neste contexto de pressão, o apoio de cada voto é considerado crucial. A abstenção de um e a ausência de outro, ambos daqueles que seriam “naturais aliados” da causa, foram vistas como um enfraquecimento da mobilização e um gesto de desrespeito à categoria.

O silêncio calculado de Paulo Araújo e a evasão de Elizeu Nascimento do plenário não passaram despercebidos. Eles se transformaram no centro de um mal-estar que vai além desta votação específica, levantando questionamentos sobre o compromisso de alguns representantes eleitos com as bases que os sustentam – inclusive, em alguns casos, a própria categoria do serviço público.

A expectativa agora é pela segunda votação, onde os servidores do Judiciário esperam que a proposta seja finalmente aprovada, sem novos contratempos ou atos de descompromisso como os presenciados nesta sessão.

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