Militares afirmam que Estado prioriza imagem para estrangeiros enquanto base sofre com condições precárias.

Bombeiros de Mato Grosso denunciam imposição de novo fardamento sem repasse: “Vale coxinha, farda na raça e descaso do governo”

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Durante a realização do evento internacional FORESTFire 2025, que ocorre de 16 a 18 de junho na capital mato-grossense com a presença de comandantes-gerais de todo o país e especialistas estrangeiros, militares do Corpo de Bombeiros de Mato Grosso denunciam o que classificam como “maquiagem institucional para inglês ver”.

O motivo da revolta é a Portaria nº 055/GAB/CMTEGERAL/2024, que obriga o uso do 11º modelo de fardamento a partir de 2 de julho, sem que o Estado tenha realizado o repasse financeiro previsto em lei.

“Querem mostrar ao mundo que somos uma instituição organizada — e somos. Mas com muito sacrifício da tropa e com descaso total do governo”, desabafa um bombeiro que pede anonimato.


Custo abusivo e obrigatoriedade inviável

O novo fardamento, segundo os militares, custa em média R$ 1.200 por unidade. No entanto, cada profissional precisa ter pelo menos cinco, especialmente durante a temporada de combate a incêndios florestais, que começa em julho. Ao menos três uniformes são perdidos por desgaste nessa operação.

“Com o calor, o fogo, a fuligem e o suor, a farda se desfaz. Não tem como trabalhar com uma só. Para cumprir a missão, precisamos de cinco fardamentos. Isso passa de R$ 6 mil do nosso bolso”, explica um tenente.

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O problema é que o Estado não repassou um centavo para a aquisição das vestimentas, apesar da obrigação legal prevista na Lei Complementar nº 555/2014 (LC nº 723/2022), que determina o repasse até dezembro de cada ano.


“Vale coxinha”: alimentação indigna

Além do fardamento, os militares denunciam também a quantia insuficiente paga como auxílio-alimentação, que não cobre sequer uma semana de refeições básicas.

“É um ‘vale coxinha’. Trabalhamos 24h, às vezes 48h em campo, e o governo acha que a gente sobrevive com esse valor. Mal dá para comer por sete dias”, denuncia um soldado.


Imagem internacional x Realidade Interna

A imposição do novo uniforme, coincidindo com o FORESTFire, segundo os militares, não é coincidência: o objetivo seria “uniformizar à força a tropa para causar boa impressão às delegações estrangeiras”.

“Querem vender uma imagem de estrutura que não existe. Quem banca tudo é o bombeiro. A estrutura, a farda e até a comida”, aponta um sargento.


Especialistas apontam ilegalidade

Juristas e entidades da segurança pública afirmam que a medida:

  • Fere a legalidade, por exigir sem repassar o valor devido;

  • Viola a moralidade e a razoabilidade, ao transferir o custo ao servidor;

  • Afronta o princípio da eficiência, punindo o militar que não consegue arcar com a obrigação.

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Além disso, a portaria prevê sanções disciplinares para quem não estiver com o novo uniforme a partir de 2 de julho — o que pode configurar abuso de autoridade e perseguição institucional, segundo advogados ouvidos pela categoria.


Mobilização: ministério público e justiça

A base militar e associações representativas já se articulam para:

  • Protocolar representação coletiva no Ministério Público Estadual (MPE);

  • Judicializar a portaria, pedindo sua suspensão imediata;

  • Denunciar a situação em veículos de imprensa e redes sociais.

“Não somos contra usar farda. Somos contra ter que escolher entre alimentar nossos filhos ou vestir o Estado. Isso é desumano”, disse um militar de carreira.


Conclusão: orgulho do serviço, vergonha do tratamento

A tropa afirma que seguirá cumprindo sua missão, como sempre fez. Mas exige respeito, dignidade e legalidade por parte do governo estadual.

“Somos os melhores combatentes do fogo do mundo. Só falta o governo do nosso próprio Estado nos tratar como tal.”

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