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A Ferrogrão, presídios e o milagre do interior: O evangelho segundo a família Borges

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Na vastidão do interior de Mato Grosso, onde o agronegócio pulsa como o coração econômico do Brasil, surgem histórias que parecem saídas de um roteiro mirabolante de ficção. Desta vez, os protagonistas vêm do ramo da fé, da construção civil e, curiosamente, de um império logístico inesperado.

Sidney Borges, pastor evangélico, é mais do que um líder espiritual. Ele é sócio de um grupo de empresas de construção civil – entre elas, a Construtora BS S.A., que atualmente enfrenta dificuldades e entrou em recuperação judicial, e a Jnorte Construtora Ltda. Mas sua atuação vai além do cimento e das vigas de ferro. Sidney é presidente de duas organizações religiosas: a Igreja Evangélica Ministério Tempo da Paz e a Comunidade das Nações, ambas com sede em Sorriso, cidade próspera de Mato Grosso.

Casado com Ane Borges, ex-candidata a deputada federal pelo União Brasil, o casal navega entre o poder político e empresarial com habilidade impressionante. Ane não conseguiu se eleger em 2022, mesmo com o apoio do governador Mauro Mendes e do então presidente Jair Bolsonaro. Mas isso parece ser apenas um detalhe em uma história maior.

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A narrativa ganha contornos ainda mais intrigantes com a presença de Gabrieli Mosena da Silva, sobrinha do casal, que aparece como sócia-proprietária da Zion Real Estate, uma empresa de Sorriso que, por uma dessas coincidências celestiais, conquistou um feito épico: a exclusividade para administrar e explorar a Ferrogrão, o maior projeto logístico do Brasil.

E aqui está a pergunta que ecoa nas cabeças de quem ousa olhar além do óbvio: como uma empresa nova, sem acervo técnico ou experiência prévia, conseguiu arrebatar um projeto dessa magnitude?

A Ferrogrão, tão alardeada no governo Bolsonaro como a redenção logística do país, é um projeto bilionário. A Zion Real Estate, até então uma desconhecida, emergiu como protagonista. Enquanto isso, no mesmo período, essa mesma empresa começou a conquistar contratos para construir presídios em Mato Grosso. É como se a mão invisível do mercado tivesse sido guiada por algo mais… metafísico.

E não é só a Zion que chama a atenção. A Construtora BS S.A., ligada a Sidney Borges, enfrenta um processo de recuperação judicial. Uma empresa em dificuldade financeira, um pastor empresário e um projeto logístico bilionário: como essas peças se conectam?

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Sidney Borges, pastor e empresário, parece estar no centro de uma rede em que fé, política e negócios se entrelaçam de maneira, digamos, providencial. E assim, tudo parece ficar em família.

Há algo de emblemático nessa história. Ela é um retrato do Brasil profundo, onde as fronteiras entre público e privado, entre negócios e fé, são tão fluidas quanto o próprio Pantanal que banha as terras do estado. E a pergunta que não quer calar é: seria esse um milagre divino ou apenas mais um episódio da nossa tragédia humana?

Porque, no final, o Brasil é isso: um país onde as histórias mais improváveis se tornam plausíveis e onde a incredulidade é apenas mais um detalhe a ser superado. Por ora, seguimos acompanhando – afinal, em terra de gigantes, a fé nunca é pequena.

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