Em qual governador Mauro Mendes a população deve acreditar? No governador de “hoje” que ataca a proposta da tarifa justa do BRT feita pelo deputado Lúdio Cabral, a 1 real nos próximos cinco anos? Ou no governador de “ontem” que escolheu o BRT porque a tarifa é mais barata do que a do VLT, e poderia ser de 3 reais?
O governador Mauro Mendes de “hoje”, com todo respeito, cometeu uma “presepada” ao criticar a proposta da tarifa justa chamando-a de “presepada”. Ele afirmou: “BRT só será R$ 1 real se a gasolina e o óleo diesel também forem”. Uma presepada do governador considerando que os novos ônibus do BRT serão elétricos, não vão usar gasolina ou diesel.
O governador Mauro Mendes de “ontem” afirmou no dia 23 de dezembro de 2020 em comunicado oficial que escolheu o BRT porque tinha tarifa mais barata do que o VLT e não “pesaria no bolso do consumidor”. O Mauro de “ontem” chegou a dizer que a tarifa do BRT poderia ser de 3 reais.
Os temas da obrigatoriedade em lei da licitação para a operação do BRT e a tarifa a 1 real esquentaram o clima do debate na pré-campanha da eleição de prefeito e vereadores de Cuiabá e Várzea Grande. Esta é também uma ótima contribuição do deputado Lúdio Cabral. É agora sim o melhor momento para debater os interesses públicos dos eleitores/cidadãos/passageiros.
Lúdio fez a proposta mostrando de onde viria o dinheiro para o custeio da tarifa a 1 real. O governo vai comprar 54 ônibus novos, movidos a eletricidade, por R$ 248 milhões para entregar de graça à empresa que vai operar o BRT. Hoje, o governo já paga subsídio de R$ 2,35 por cada passagem à empresa do irmão do Botelho. É possível assegurar o equilíbrio econômico e financeiro do contrato para garantir a passagem do BRT a R$ 1,00, com recursos da venda dos vagões do VLT. Em 5 anos, o subsídio total seria de R$ 203,8 milhões. Lúdio propôs que esse valor venha dos recursos da venda dos vagões do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) ao governo da Bahia, fechada pelo governador por R$ 793 milhões.
É preciso perguntar ao governador Mauro Mendes de ontem e de hoje: por que o governo dá subsídios milionários para empresários em diversos setores e não pode dar para os trabalhadores? Por que a empresa da família do Botelho pode ganhar tanto com a exploração do transporte com um serviço caro e de péssima qualidade? Por que não garantir em lei já a obrigatoriedade da licitação para o BRT?
Sejamos claros: o debate trazido pelo projeto do deputado Lúdio incomoda porque toca em privilégios dos poderosos do transporte, com é a empresa da família do Botelho. A tarifa a 1 real é possível sim, é bom para o passageiro e bom para os empresários do comércio de Cuiabá, porque, com a tarifa mais barata, economizam no repasse mensal de transporte para seus empregados e porque teremos mais dinheiro circulando na economia.
Governador Mauro Mendes, não discrimine os trabalhadores e os comerciantes de Cuiabá.
Penso que devemos inclusive aprofundar ainda mais este debate sobre o transporte público. Defendo a criação de uma empresa municipal de transporte e tarifa zero.
Robinson Cireia, do PT, é vereador por Cuiabá