José Luiz da Silva, nosso eterno Zé Valvoline, foi mais que um nome. Foi um som

A Guitarrada Eterna de Zé Valvoline

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Na esquina da Avenida Ipiranga com a saudade, ficou um silêncio estranho. Não é aquele silêncio frio que a ausência traz. É um silêncio carregado de memória, um eco quente de guitarrada, de risada boa, de fala firme em defesa do povo. Zé Valvoline partiu, mas a alma dele ficou dançando nos bailões da Baixada Cuiabana.

José Luiz da Silva, nosso eterno Zé Valvoline, foi mais que um nome. Foi um som. Um riff de guitarra que atravessou os becos e vielas do bairro Pólvora, subiu pelas janelas do Colégio Padre Agostinho e virou hino no coração da comunidade. Um homem do povo. Um líder que não se escondia atrás de microfones, mas que fazia da própria voz um instrumento de mudança.

Ele era desses que juntavam gente. Que fazia brotar esperança num ensaio de banda, numa reunião de bairro, num campeonato de basquete com a camisa suada do Pólvora Esporte Clube. Zé acreditava que o que é do povo, volta pro povo — e lutou por isso. Foi ele que esteve na linha de frente pelo passe livre pros presidentes de bairro. Foi ele que, entre uma nota e outra, nos ensinou que política se faz com afeto e convicção.

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No seu mítico Bar dos Explosivos, nos anos 90, Zé não vendia só cerveja e música. Ele vendia alegria, identidade, pertencimento. A cada solo de guitarra, uma história. A cada música, uma declaração de amor à sua terra. E se hoje o som silenciou, não foi por falta de vida, mas por excesso de história. A guitarra de Zé Valvoline não calou: ela ecoa em cada filho músico, em cada amigo tocado por sua generosidade, em cada jovem que viu nele um espelho possível.

Zé Valvoline viveu como se fosse uma canção — dessas que a gente nunca esquece, mesmo quando o rádio se desliga. Ele se foi no dia 6 de maio de 2025, mas a cultura popular, o movimento comunitário e a música cuiabana continuarão afinando seus instrumentos na frequência que ele deixou.

A vida pode até ser breve, como dizem. Mas o impacto de um amor verdadeiro — seja pelo povo, pela arte ou pela cidade — é eterno.

Descansa, Zé. E obrigado por cada nota.

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Francisco das Chagas Rocha
Membro do Instituto Histórico è Geográfico de Mato Grosso

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