A saúde pública em Mato Grosso enfrenta muitos desafios que comprometem o atendimento à população, especialmente nas regiões do interior. Problemas como a falta de infraestrutura nos hospitais, a escassez de profissionais da saúde e as dificuldades para organizar o Sistema Único de Saúde (SUS) afetam a vida de milhares de mato-grossenses todos os dias.
Infraestrutura deficiente e atendimento precário
Em muitas cidades do interior, a população enfrenta dificuldades para conseguir atendimento básico. A falta de hospitais bem equipados e de unidades básicas de saúde (UBS) é um problema que se arrasta há anos. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde (SES-MT), os hospitais regionais, que deveriam atender as demandas locais, sofrem com superlotação e falta de equipamentos essenciais.
O governo tem investido na ideia de regionalizar o atendimento, criando polos em cidades estratégicas como Sinop, Rondonópolis, Tangará da Serra e Cáceres. No entanto, a iniciativa tem avançado devagar e enfrenta dificuldades como a escassez de recursos e de profissionais qualificados para essas regiões.
Escassez de profissionais
A falta de médicos e outros profissionais da saúde é um dos maiores desafios. Dados do Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso (CRM-MT) mostram que muitos profissionais evitam trabalhar em cidades mais afastadas devido às condições precárias de trabalho e à falta de infraestrutura. Programas como o “Mais Médicos” ajudaram um pouco, mas ainda não conseguem atender toda a demanda.
Em Cuiabá e Várzea Grande, que têm as maiores populações urbanas do estado, os hospitais sofrem com a superlotação. O Hospital Municipal de Cuiabá, por exemplo, funciona constantemente acima de sua capacidade, enquanto pacientes do interior são obrigados a viajar até a capital em busca de cuidados especializados.
Saúde indígena em situação crítica
A situação das comunidades indígenas em Mato Grosso é especialmente preocupante. Povos da região do Xingu enfrentam doenças como malária e hepatite, além da falta de assistência médica constante. A fragilidade das políticas voltadas à saúde indígena tem levado essas comunidades a depender de organizações não governamentais (ONGs) e programas temporários.
Problemas de gestão e financiamento
Outro problema que prejudica a saúde pública em Mato Grosso é a gestão dos recursos. Relatórios recentes do Tribunal de Contas do Estado (TCE-MT) apontam falhas na aplicação de verbas destinadas à saúde, além de casos de corrupção em contratos de obras e fornecimento de materiais hospitalares.
Sem planejamento eficiente e transparência na gestão, especialistas alertam que os problemas estruturais e operacionais continuarão a se repetir.
Perspectivas e soluções
Para mudar esse cenário, é fundamental investir na ampliação e modernização dos hospitais e postos de saúde. Além disso, é preciso criar incentivos que atraiam profissionais para as regiões mais afastadas. A regionalização do SUS também precisa ganhar mais ritmo, com foco no fortalecimento dos hospitais regionais para garantir um atendimento de qualidade em todo o estado.
A população e os gestores públicos têm um papel importante nesse processo. Cobrar investimentos, exigir mais transparência e acompanhar de perto as políticas de saúde são passos essenciais para que Mato Grosso possa oferecer um sistema de saúde digno e acessível para todos.
Alessandro Brito
Jornalista
Gestor Público com Pós Graduação em Saúde Pública