Enquanto mundo discute direitos da natureza, Brasil avança com "PL da Devastação" e amplia injustiça climática

Semana do Meio Ambiente no Antropoceno: Entre reflexões e retrocessos ambientais

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Celebrar a Semana do Meio Ambiente no Antropoceno — a era geológica marcada pelo impacto irreversível da humanidade no planeta — é um dilema. Se, por um lado, a data convida à reflexão sobre os efeitos da crise climática, por outro, expõe a contradição de governos e setores que aceleram a destruição em nome do “progresso”. Enquanto países como Equador reconhecem a natureza como sujeito de direitos, o Brasil caminha na direção oposta, com o avanço do PL 2.159/2021, apelidado de “PL da Devastação” — um projeto que flexibiliza o licenciamento ambiental e pode legalizar a destruição de biomas inteiros.

O Antropoceno, termo cunhado pelo Nobel Paul Crutzen, evidencia que as atividades humanas já alteraram a química, a física e a biologia do planeta. A emergência climática, no entanto, não atinge a todos igualmente: segundo a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR)75% dos mais de 120 milhões de deslocados forçados no mundo vivem em países severamente afetados pelas mudanças climáticas. São populações que, embora pouco contribuam para o caos ambiental, arcam com as piores consequências — um cenário de injustiça climática que se agrava com políticas como o PL do licenciamento.

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Brasil: Do discurso à destruição

Desastre ambiental no Pantanal mato-grossense

Enquanto a Semana do Meio Ambiente promove debates sobre sustentabilidade, a bancada do agronegócio pressiona pela aprovação do PL 2.159/2021, que pode:

  • Reduzir exigências para licenciamento de grandes obras;
  • Permitir “autolicenciamento” para atividades poluentes;
  • Anistiar crimes ambientais sob o argumento de “agilizar a economia”.

Se aprovado, o texto inviabilizará o controle sobre desmatamento, poluição e grilagem, aprofundando o colapso climático e a violação de direitos humanos em comunidades tradicionais.

Injustiça climática em Mato Grosso: O peso do “capetalismo”

No estado que lidera emissões de CO₂ e desmatamento, pesquisadores do Grupo Pesquisador em Educação Ambiental, Comunicação e Arte (GPEA/UFMT) denunciam como as mudanças climáticas aprofundam desigualdades. Estudos do grupo mostram que populações pobres, indígenas e quilombolas são as primeiras a sofrer com:

  • Enchentes e secas extremas;
  • Contaminação por agrotóxicos;
  • Expulsão de territórios por grileiros e megaprojetos.
Arquivo: Gpea

“O ‘capetalismo’ — essa mistura de capitalismo e catástrofe — precariza a vida dos mais vulneráveis enquanto concentra riqueza nas mãos de quem destrói”, afirmava a pesquisadora Michèle Sato,  que foi  a fundadora do GPEA. O grupo disponibiliza livros e artigos críticos sobre o tema em seu site: GPEA UFMT.

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Incendios florestais entre Miranda e Corumbá BR 262 e MS 184

Meio ambiente como resistência

Neste Antropoceno, a Semana do Meio Ambiente não pode se resumir a palestras vazias e campanhas de marketing verde. É preciso exigir políticas reais:

  • Rejeitar o PL da Devastação;
  • Reconhecer os direitos da natureza;
  • Investir em justiça climática para quem já sofre os impactos.

Enquanto o governo e o agronegócio normalizam a destruição, a sociedade precisa transformar o luto em luta. O planeta não suporta mais promessas falsas.

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