Deosdete Cruz Júnior — recentemente alçado ao Tribunal de Justiça por nomeação direta do governador Mauro Mendes (UB) — indeferiu dois recursos da promotora Ana Luiza Peterlini

Desembargador nomeado por Mauro Mendes barra ações da promotoria contra obras no Morro de Santo Antônio

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Em decisão que acirra o embate entre o Ministério Público e o governo de Mato Grosso, o desembargador Deosdete Cruz Júnior — recentemente alçado ao Tribunal de Justiça por nomeação direta do governador Mauro Mendes (UB) — indeferiu dois recursos da promotora Ana Luiza Peterlini que buscavam suspender obras no Morro de Santo Antônio e afastar a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) da gestão da unidade de conservação.

A promotora, que já comandou a Sema, classificou as ações do Estado como “absolutamente chocantes e danosas”, acusando o governo não apenas de omitir-se na proteção da área, mas de fomentar sua degradação com extração mineral irregular e a abertura de uma trilha “que mais parece uma estrada”. As denúncias, no entanto, foram consideradas “insuficientes” pelo desembargador, que alegou falta de provas contundentes sobre riscos irreparáveis ao meio ambiente.

Nomeação controversa e laços com o Executivo

A decisão reacende questionamentos sobre a independência do magistrado, cuja ascensão ao TJMT foi marcada por controvérsias. Há dois meses, Deosdete era procurador-geral de Justiça — cargo no qual se notabilizou pela proximidade com o Palácio Poderes, incluindo visitas frequentes ao gabinete da primeira-dama Virgínia Mendes, a quem entregou placas de “reconhecimento” sem base técnica. Sua nomeação como desembargador ocorreu após eleição atípica e posse relâmpago, assinada pelo mesmo governador que agora se beneficia de sua decisão.

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O Ministério Público evitou comentar o caso, mas a discrepância entre a gravidade das denúncias ambientais e a leniência da Justiça alimenta suspeitas sobre conflitos de interesse. A cena que simboliza essa relação — Deosdete sorridente, entregando placas à família Mendes — agora parece ecoar em um tribunal onde, sob sua caneta, o governo segue imune a questionamentos.

Enquanto as escavadeiras avançam no morro, a promotoria estuda novos recursos. O que resta é saber se o judiciário mato-grossense, sob o comando de nomes alinhados ao poder político, ainda tem espaço para ouvir as críticas.

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