O ano de 2024 chega ao fim com um cenário político marcado por tensões entre o governo Lula (PT), o mercado financeiro e o Centrão. Embora o governo tenha evitado uma paralisia completa, o saldo final é de um Executivo fragilizado, que viu suas pautas abafadas e sua identidade política questionada.
O mercado e o Centrão operaram como uma espécie de “novo cangaço”, utilizando táticas que pressionaram o governo e enfraqueceram sua capacidade de articulação. Enquanto o dólar foi usado como arma para exigir cortes de gastos, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), ditava o ritmo das votações no Congresso, garantindo controle sobre as emendas parlamentares.
Apesar dos avanços em pautas fundamentais, como a reforma tributária, o corte de gastos e a aprovação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), o clima político foi de constante instabilidade. Lula entregou o “arroz com feijão” prometido na política, mas a perspectiva de mudanças estruturais que resgatassem o sonho de tempos melhores ficou pelo caminho.
Lira, o protagonista inesperado
Arthur Lira emergiu como o principal articulador político do ano. Mais do que garantir os interesses do Centrão, o deputado alagoano conseguiu arrastar o governo para seu esquema, obrigando o Planalto a defender medidas polêmicas, como o sigilo das emendas parlamentares, em oposição ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Essa dinâmica expôs o governo a uma crise de identidade, já que Lula, eleito com a promessa de mudanças sociais e econômicas progressistas, acabou cedendo espaço para pautas que favorecem o Centrão e o mercado.
A sangria continua
A percepção de fragilidade do governo alimentou especulações sobre novas concessões. O rumor mais recente aponta para uma possível reforma ministerial que acomodaria ainda mais partidos do Centrão, incluindo representantes da bancada evangélica, à custa de cargos ocupados pelo PT.
Essa narrativa reforça a ideia de que o governo enfrenta uma “sangria” política e econômica que não deve cessar tão cedo. Para 2025, o desafio do Planalto será não apenas retomar o protagonismo nas pautas nacionais, mas também conter os avanços de seus aliados mais ambiciosos, que hoje se comportam como adversários.
Com um 2024 encerrado em clima de nostalgia pelo sonho de tempos melhores, a dúvida que persiste é: será que Lula conseguirá virar o jogo antes que a próxima eleição presidencial se torne o único horizonte político no país? (com informações Brasil de Fato)